História O Corpo de Bombeiros
Reprodução na íntegra sobre a história do Corpo de Bombeiros de SP.
O Corpo de Bombeiros
Esta é uma história que começou há mais de 150 anos e que durante largos períodos teve como principais ingredientes o espírito de sacrifício, a coragem, o heroísmo e a vontade de ajudar ao próximo. Hoje, felizmente, a moderna tecnologia veio se somar àquelas virtudes, dando uma nova conotação ao trabalho muitas vezes anônimo, porém, simplesmente imprescindível, do bombeiro. Assim, o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo continua a escrever páginas recheadas de belos exemplos de dedicação, profissionalismo e eficiência.
No tempo em que a Capital da Província não chegava a cobrir três colinas, em que as construções começaram a ser mais valiosas, começou-se a pensar em combater as chamas. Em caso de incêndio, mulheres, homens e crianças ficavam em fila, e, do poço mais próximo iam os baldes passando de mão em mão, até chegarem ao prédio em chamas. Em dezembro de 1850, na Rua do Rosário, hoje XV de Novembro, houve um incêndio, que foi extinto por uma bomba manual emprestada por um francês chamado Marcelino Gerard e devido a este incêndio, em 1851 foram tomadas as primeiras posturas municipais relativas aos casos de fogo em consequência do incêndio havido no ano anterior com a aquisição de duas bombas. No ano seguinte, ainda em decorrência de tal incêndio, é apresentado na Assembleia Provincial, pelo então Brigadeiro Machado de Oliveira um Projeto de Lei de um Código sobre Prevenção de Incêndios. Nesse Código estavam regulamentados os serviços de prevenção e extinção de incêndios, ficando o povo, por lei, obrigado a cooperar com a Polícia nos dias de incêndio. Em 1861, ocorre um incêndio em uma livraria na Rua do Carmo e em 1863 ocorre novo incêndio, desta vez na Rua do Comércio em uma loja de ferragens. Já em 1870 um barril de pólvora explode no centro da cidade de São Paulo.
Apesar das constantes advertências dos chefes policiais sobre a perigosa situação, muito pouco foi feito. Afinal, em termos de Brasil, apenas em 1856 havia surgido o Corpo de Bombeiros da Corte, criado em 2 de julho, no Rio de Janeiro.
Devido aos acontecimentos anteriores, somente em 1875 houve a primeira tentativa de estabelecimento de um serviço de bombeiros que estaria agregado à Companhia de Urbanos (guardas-civis), reunindo um total de 10 homens conhecidos como “Turma de Bombeiros”, convenientemente adestrados para a função, egressos do Corpo de Bombeiros da Corte.
Algumas providências foram tomadas, como a compra de baldes de couro, machadinhas e um saco salva-vidas. Entretanto, como a lei não estabelecia qual a prioridade dos Urbanos, se policiamento ou combate a incêndios, logo esta função foi abandonada e os bombeiros designados para tomar conta das ruas. As autoridades, ou a maior parte delas, ainda não haviam se conscientizado da premência do serviço e a cidade continuou sob o risco de uma nova tragédia.
E foi assim, em meio a paliativos, que chegou o fatídico 15 de fevereiro de 1880, trazendo o incêndio que destruiu a biblioteca da Faculdade de Direito e o arquivo do Convento de São Francisco, no tradicional largo da capital paulista. No dia seguinte, num indignado discurso, o deputado Ferreira Braga propôs a criação de uma Seção de Bombeiros, composta de 20 homens, vinculada à Companhia dos Urbanos. A lei foi votada e aprovada, tendo sido publicada em 10 de março de 1880, data que determina a criação Oficial do Corpo de Bombeiros de São Paulo.
Eis a íntegra da lei:
“Artigo 1º – Fica o governo da província autorizado a organizar desde já uma Secção de Bombeiros, anexa à Cia de Urbanos da capital e a fazer aquisição de maquinismo próprio para a extinção de incêndios.
Artigo 2º – Para essa despesa, é o governo autorizado a abrir um crédito de 20:000$00, revogadas as disposições em contrário.”
A Seção criada ocupou uma parte do prédio onde funcionava a estação central da Companhia de Urbanos, na Rua do Quartel (hoje Rua 11 de Agosto), sendo requisitado o material necessário para sua formação. O Tenente José Severino Dias, oriundo do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, onde tinha o posto de alferes, assumiu o comando em julho de 1880, iniciando de imediato os trabalhos de organização dos serviços de combate a incêndios, de instrução e da instalação da Seção.
O serviço “recomeçava” de modo incipiente e dizem os historiadores que a única diferença da tentativa anterior era que, agora, os bombeiros tinham uma existência oficial. Tudo ainda, do efetivo ao equipamento, era insuficiente e inadequado para uma cidade que já dava os ares de metrópole. Em 1881, com a inauguração do sistema de águas da capital, diversas válvulas são implantadas para auxiliar os bombeiros, e estes são desobrigados do policiamento para dedicarem-se aos treinamentos e à sua função em si.
A recém-criada instituição começaria a se consolidar em 1882, quando o Decreto nº 42, que dispunha sobre a composição e efetivos das forças policiais, estabeleceu que estas seriam formadas pelo Corpo Policial Permanente, Companhia de Urbanos e Seção de Bombeiros. Era a primeira vez que os homens do fogo eram citados de forma independente, embora ainda fossem parte dos Urbanos. Outro fato significativo deu-¬se em 1883 com a substituição do Tenente José Severino Dias, comandante da Seção, por outro oficial, o Tenente Manoel José Branco, do Corpo Permanente da Guarda Urbana. Logo em seguida, o comando foi assumido pelo Tenente Alfredo José Martins de Araújo, oriundo do Corpo de Bombeiros da Corte.
O Chefe de Polícia, Dr. João Augusto de Pádua Fleuri, incumbido pelo Presidente da província, foi à Capital do país a fim de providenciar os materiais necessários para o levantamento do núcleo de bombeiros. Ele trouxe duas bombas vienenses, uma das quais doada pelo governo Imperial, que eram muito importantes, pois tinham força suficiente para projetar água ao telhado de prédios de 2 (dois) andares (construção de taipa, com altura de 8 a 9 metros). Foram também adquiridos na época, pipas, mangueiras e outros materiais necessários à extinção de fogo e da então Capital do país vieram alguns homens que haviam servido no Corpo de Bombeiros local, que, com alguns recrutas de São Paulo, completaram o efetivo do núcleo de soldados do fogo.
O ano de 1886 revelou-se de suma importância para a Seção de Bombeiros, em virtude de dois acontecimentos relevantes. Inicialmente, deu-se a publicação do Código de Posturas, que previa, dentre outras coisas, a obrigatoriedade dos encarregados dos sinos das igrejas darem o alarme quando soubessem de um incêndio. Avisos falsos seriam punidos com pesadas multas e penas de prisão e, os aguadeiros (transportadores de pipas) tinham, por força da lei, de comparecer ao local do sinistro, da mesma forma que os poços ficariam franqueados aos bombeiros em tais ocasiões. Mas o Código também premiava em dinheiro aqueles que, em não sendo bombeiro, melhor se desempenhassem em caso de incêndio. Em segundo lugar, houve a visita de inspeção do próprio Imperador Dom Pedro II que assistiu a uma demonstração da Seção e… a desaprovou!
Descontentamento imperial era uma coisa muito séria e provocou a tomada de diversas providências no sentido de melhorar a Seção de Bombeiros. Imediatamente foram elaborados relatórios identificando o que precisava ser feito. E não era pouco. O efetivo estava muito longe do ideal e recebendo péssimos salários. Faltavam materiais mais modernos, maquinista para a operação de bomba, cocheiros e animais. Os bombeiros não contavam, ainda, com nenhum tipo de amparo em caso de acidentes. A partir de 1887, finalmente, a corporação começaria a receber uma boa quantidade de equipamentos, onde se incluía a primeira bomba a vapor Merryweather “Greenwich”. Haviam sido autorizados também o aumento do número de integrantes para 30 homens e a construção de um aquartelamento apropriado.
Surgiu, então, o problema da acomodação do material adquirido, que não seria possível no prédio da Central de Urbanos. Em vista disso, em 1887, a Seção foi transferida para o prédio da Rua do Trem (hoje Rua Anita Garibaldi, local da atual sede do Corpo de Bombeiros).
Em 1888, já era insuficiente o efetivo de 20 homens e, por isso, o governo provincial elevou a 30 o número de praças.
Naquela época, os avisos de incêndios eram transmitidos por meio de rebates nos sinos das igrejas ou por comunicações verbais de particulares, que corriam até a porta do quartel de bombeiros para tal fim.
As melhoras se acentuaram em 1890, quando o número de integrantes foi aumentado para 64 homens, novos equipamentos adquiridos, feita a contratação de um maquinista para as bombas (três já existentes), o tenente Alfredo José Martins Araújo promovido a capitão e a Seção de Bombeiros foi elevada à categoria de “Companhia de Bombeiros”. Ficou, estabelecido por decreto, a cobrança de um imposto sobre as seguradoras que operavam na cidade como uma forma de se buscar recursos para o custeio da Corporação. Aliás, essa taxa ou imposto, por algum motivo acabou desaparecendo, voltando a ser instituída outra contribuição com os mesmos fins apenas em 1979.
No ano seguinte, em 1891, houve um brusco aumento no efetivo, que saltou de 64 para 168 homens. As consequências dessa elevação foram desastrosas, já que ela se deu de modo muito rápido sem o tempo necessário para o treinamento e instrução dos novos bombeiros. A qualidade dos serviços prestados caiu vertiginosamente, evidenciando o estado de despreparo em que se encontrava a agora Companhia de Bombeiros, o que gerou conflitos desnecessários com os Urbanos. Além disso, esses fatores foram responsáveis por uma má imagem junto ao povo.
Em outubro do mesmo ano assume o comando José Maria Q’Connel Jersey, um rígido e disciplinado oficial de engenharia que tinha como missão prioritária colocar ordem no caos que havia se estabelecido. E ele realizaria um excelente trabalho. Tendo consciência de que o au¬mento de efetivos anterior era inaceitável sem um mínimo de seleção e instrução, dissolveu a Companhia e começou a sua reorganização. Em 14 de novembro de 1891 é criado o Corpo de Bombeiros, que contava com 240 homens melhor selecionados e em um espaço de tempo maior. O trabalho do Capitão Q’Connel pode ser definido como o de organização, mas não se deve esquecer o mérito da equipe de comando, em especial do Capitão Alfredo José Martins de Araújo.
Os requisitos básicos para o funcionamento do Corpo de Bombeiros foram delimitados nesse período. A Companhia telefônica montou um sistema de alarmes para agilizar o aviso de incêndio; no local da ocorrência era utilizada a corneta e nas ruas foi instalado um sistema de alarme alemão que só seria desativado por volta de 1920. São criadas oficinas de conserto e manutenção dos materiais de que o Corpo já dispunha. Com um nível melhor de instrução, é admitido um número condizente de homens, divididos em especialidades. Também houve necessidade da descentralização dos serviços, sendo solicitada a regulamentação dos bombeiros ao Presidente da Província.
A Força Militar de Polícia passa, em 1892, a se chamar Força Policial e acaba por agregar o Corpo de Bombeiros, contando ainda com cinco Batalhões de Infantaria e um Corpo de Cavalaria, acabando com a Companhia de Urbanos. Com uma organização eficiente, inspirada em soluções para problemas da cidade que crescia, pode-se dizer que já havia então instalado um serviço de bombeiros em São Paulo. Em 17 de outubro de 1892, Q’Connel deixa o comando da Corporação.
Mesmo com todas as melhorias apresentadas ainda existiam problemas, principalmente no tocante às instalações físicas. Em 1893, o efetivo era de 205 homens e no mesmo ano aumentou para 323. Havia na época um único e precário quartel, sem condições para abrigar os homens, que se amon¬toavam por cima dos materiais, dos carros de tração animal ou se espalhavam pelo chão das oficinas. O aumento da Estação Central começaria a se tomar algo mais distante com a revogação dos decretos para desapropriação de imóveis na Rua Boa Morte, onde se localizava. Por mais três vezes a edificação foi reprogramada. Naquele mesmo ano, a Corporação participaria da Revolta Armada, sua primeira missão como tropa de guerra, onde um contingente do Corpo de Bombeiros segue para Santos integrando a Força Policial, juntando-se às tropas em defesa da causa republicana. Pode-se imaginar que ela não estava preparada para isso, pois não era sua finalidade. O aumento no número de homens também proporcionou o surgimento da Banda de Música, que em 1895 contava com 40 integrantes.
Em abril de 1896 são inauguradas 50 caixas de aviso de incêndio, chamadas “Linhas Telegráficas de Sinaes de Incêndio” (1º Sistema de Alarmes – “Generst”), com aproximadamente 70 quilômetros de extensão, operadas por telegrafistas civis graduados militarmente. Esse sistema representou uma grande evolução, mas não totalmente eficiente, pois carecia de aumento para zonas da cidade totalmente desprovidas. Os hidrantes disponíveis, embora tenham aumentado quantitativamente, ainda eram insuficientes, e a distância entre eles dificultava a ação dos bombeiros. Começam a operar novos veículos e materiais, grande parte adquirida em 1895, e também estavam em funcionamento as oficinas de Carpinteiro, Correieiro e Ferreiro. A Força Policial do Estado é reorganizada em três corporações, sendo que o Corpo de Bombeiros passa a fazer parte da Brigada Policial, juntamente com a Infantaria e a Cavalaria. Também são realizadas as reformas e ampliações nas instalações, que melhoram em muito com a inauguração das estações do Norte e Oeste. Guardadas as devidas proporções, esta foi uma das melhores fases dos bombeiros, um dos raros períodos em que o aumento do número de postos estava correspondendo ao crescimento da cidade. Em 1897, o efetivo somava 373 homens, mais a Banda de Música, e o pessoal era dividido em especializações.
Chega ao Brasil, em 1906, a Missão Francesa, com a incumbência de instruir e militarizar a Força Pública, criada em 1900, que aglutinava a Força Policial, a Companhia de Cívicos da Capital e o Corpo de Bombeiros. O verdadeiro intuito dessa Missão era fazer com que a Força Pública se tornasse sustentáculo da “política dos governantes”, mas uma das suas consequências para os bombeiros foi a transferência para o Corpo dos elementos considerados “maus militares”. O pessoal lucrou mais indiretamente com a presença da Missão, no que diz respeito à organização e amparo (assistência médico-hospitalar e aposentadoria, dentre outros). Pouca coisa havia sido feita para melhorar o serviço prestado. A Estação Central continuava a precisar de reformas ou mudança de endereço, se situava em uma rua estreita que dificultava a rapidez no atendimento aos incêndios, e era acanhada para acomodar pessoal e material, também já insuficiente. São adquiridas quatro bicicletas para a Seção de Ciclistas, que fariam a ronda e primeiro atendimento numa ocorrência, o que trouxe excelentes resultados. Em 1907, pode-se notar uma atuação legal preventiva, com a aplicação de multas para tentar reprimir sinistros causados por excesso de fuligem. Dois anos depois foi distribuído para os bombeiros o seu primeiro manual, “Instruções para serviço de incêndio”.
Em 1910, foram adquiridos na Inglaterra os primeiros veículos automotores, junto à empresa Merryweather & Sons, num total de seis (três para combate ao fogo), a serem entregues em 1911, ano em que foi completamente inaugurado o popular sistema de alarme GAMEWELL, americano, com 146 caixas e que sob manutenção do Corpo funcionou por mais quatro décadas. Era o mais eficiente da época. Com a chegada dos autos (que eram complementados pela tração animal), foi eminente o surgimento das oficinas mecânicas, e esta também foi a melhor fase do abastecimento de água (hidrantes). O efetivo era de 461 homens, em 1912, e no mês de dezembro foi iniciada a construção do novo edifício central. O serviço de ciclistas passou a ser utilizado apenas para a transmissão de ordens. O segundo manual, “Noções práticas do Serviço de Bombeiros” saiu no Diário Oficial em 1915, e foi confiada ao bombeiro a operação e a manutenção da nova Assistência Policial (sistema telegráfico de alarme e atendimento ao público). Os bombeiros passavam por um período bastante razoável, de grande prestígio. Dois de seus elementos, por exemplo, estavam comandando os Corpos de Bombeiros Municipais de Campinas e Ribeirão Preto.
As instalações físicas, entretanto, ainda eram inadequadas e em número pequeno. Em 1920 não estavam concluídas as obras do quartel central e as estações Norte e Oeste precisavam ser melhoradas. Todo o material de tração animal foi desativado em 1921. Porém, com o desenfreado crescimento da cidade, os automóveis adquiridos não eram suficientes. Em meio àquela perigosa situação, entra em cena a vontade e a criatividade dos bombeiros. Foram aproveitadas duas bombas a vapor que pertenciam ao equipamento recém aposentado, e adaptados sobre dois chassis (Mercedes Saurer e Fiat), e o Corpo ganhou mais dois veículos. Um oficial chamado Affonso Luiz Cianciulli (que mais tarde chegaria a comandar a instituição) projetou e custeou do próprio bolso o desenvolvimento de uma bomba, que se tornou o primeiro equipamento de combate a incêndios fabricado no Brasil. Batizado de “Bomba Independência”, fez a sua apresentação no desfile da Pátria de 1922.
A participação na Revolução de 24 é propulsora de grandes transformações. Mostraram ser tão bons soldados quanto bombeiros, e isso fez com que o governo de Carlos de Campos resolvesse reorganizar o Corpo, fornecendo-¬lhe instrução militar e técnica, agregando-o às tropas combatentes. O problema é que muito tempo dos bombeiros foi gasto para praticar o manejo das armas, em detrimento do preparo para sua missão original. Houve a elevação a Batalhão de Bombeiros Sapadores, sua nova denominação. Dispunha de bons homens, o seu efetivo havia sido aumentado com mais uma Companhia e ganhou, inclusive, um parque de artilharia! Mesmo demonstrando sempre o seu habitual valor, os resultados não poderiam ser outros. Com duas funções completamente ambíguas, a qualidade do serviço deteriorou, bem como o material de bombeiro.
A Guarda Civil (ex-Companhia de Urbanos e Companhia de Guardas Cívicos) reaparece em 1926 trazendo reflexos negativos para os bombeiros. Isso porque, em 1930, a Força Pública perdeu o seu caráter militarizado, vindo a ter função policial, atuando no interior, enquanto a Guarda Civil cuidava da capital e das grandes cidades. Para a milícia, as décadas de 30 e 40 foram um período de estagnação que atingiu também o serviço de bombeiros. A situação teria sido muito pior não fossem dois importantes acontecimentos: um em 1929, ano em que foram adquiridos novos materiais e viaturas, e o comando do Tenente Coronel Affonso Luiz Cianciulli. Este oficial mandou avaliar aquelas aquisições e viu que estavam quase imprestáveis, em pane pela pouca instrução dos seus operadores. Coloca em atividade caros aparelhos que estavam em desuso e inventa um dispositivo para salvamento em altura, chamado CALC (Cmt Affonso Luiz Cianciulli), que substituiu os Davy usados na tarefa. O comandante foi responsável, também, pela restauração dos aparelhos pulmotores “Drager” alemães, desenhou o primeiro Auto Salvação do Corpo de Bombeiros e defendeu a criação de uma legislação de combate e proteção contra o fogo, principalmente nos edifícios. Desta maneira, Cianciulli promoveu uma das maiores evoluções, tanto técnica como organizacional, na história do serviço de bombeiros em São Paulo.
O nome Corpo de Bombeiros voltaria em 1932, e até 1936 esteve sob a tutela estadual, “parado no tempo”, como toda a Força Policial (ex-Força Pública), devido ao crescimento da Guarda Civil e da Polícia Civil. Em 1932 mulheres são empregadas no Corpo de Bombeiros para suprir a falta de efetivo, que estava sendo empregado nas frentes de luta durante a Revolução Constitucionalista e o Corpo de Bombeiros entrega a sua Invernada ao Regimento de Cavalaria por não possuir mais cavalos ou muares.
Em 1936, o Corpo é transferido para a municipalidade, por três motivos: as leis de proteção só podem ser editadas pelo município; um incêndio não é algo que exija ações de âmbito estadual; e, por fim, não era justo o Estado arcar com as despesas de um serviço prestado apenas a algumas cidades. Não foi uma boa mudança. O próprio prefeito Prestes Maia dizia que preferia pagar os prejuízos dos incêndios a sustentar o Corpo de Bombeiros. Entre os poucos progressos da época estão um novo manual (3º), intitulado “Regulamento de Instruções sobre os Serviços de Bombeiros” e a compra, de dois veículos.
O problema das instalações físicas continuava e a lei de transferência dos bombeiros para o município não fora regulamentada, ficando confusa a situação do pessoal e isso fomentou uma pressão para o retorno ao Estado. O Corpo de Bombeiros foi definitivamente incorporado à Força Policial do Estado em 1942, e a prefeitura deveria pagar uma quantia para custear as despesas com pessoal, material e outros serviços. Ficou acenado que o Estado cobriria o que ultrapassasse em gastos, sendo aqui firmado o primeiro convênio entre o Estado e a Prefeitura de São Paulo.
Os bombeiros começaram a se expandir para o interior em 1943, através de acordos com as municipalidades, iniciando um processo de organização a nível estadual. No efetivo constavam nessa época 1.212 homens. Durante os anos em que esteve sob custódia municipal, esse pessoal não auferiu das vantagens sociais obtidas pela Força Pública, sendo preciso um decreto específico para a sua inclusão nos benefícios. Outro decreto lei, de 1944, proibiu afixação de cargos públicos civis no efetivo, prejudicando principalmente as oficinas que empregavam muitos civis. Começa também certa dificuldade no preenchimento de vagas, levando o comando a pedir um aumento de salário diferenciado para os bombeiros.
Com o objetivo de reorganizar o Corpo de Bombeiros é nomeada, em agosto de 1946, uma comissão da qual fazia parte o Coronel Índio do Brasil. Dentro desse mesmo propósito, mas já com um forte sentimento separatista, vários oficiais visitavam cidades do interior do Estado, reunindo subsídios para arquitetar a criação do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, sem ligação com a polícia. Aliás, o desejo de autonomia vinha crescendo entre os bombeiros desde 1942, como consequência de sensíveis melhorias introduzidas nos diversos cursos de formação de quadros da milícia estadual, incutindo um maior profissionalismo na tropa para as suas funções.
A possibilidade da guerra que consumia o mundo chegar ao País era enorme e o tipo de instrução da Força Pública (que voltara a se chamar assim) alterou-se, visando mais as operações militares que policiais. Isso desagradava aos bombeiros, cujos propósitos eram diferentes da função policial, quanto mais da militar. De qualquer modo, esses planos, que eram traçados em segredo, acabaram sendo descobertos. Era final da década de 40, e terminado o conflito, a Força Pública não tinha mais objetivos militares. Os bombeiros eram então um grande trunfo para quem procurava destinações públicas, dispondo de meios e infra-estrutura prontos para apoiar o serviço policial e também servia para justificar despesas. Em determinado momento, parecia que a continuidade da Força Pública dependia do seu domínio sobre o Corpo de Bombeiros.
Durante o ano de 1946, reuniões amadureciam o autonomismo, ao mesmo tempo em que surge em Jundiaí o primeiro destacamento do interior. Pouco tempo depois, o coronel Índio do Brasil é passado para a reserva por motivos políticos, quando ocupava o cargo de Comandante Geral Interino da Forca Pública. O problema é que os bombeiros haviam aluado nas várias greves incitadas pelos partidos de oposição (que agora tinham vencido as eleições), minimizando os efeitos das paralisações dos motorneiros, motoristas, estivadores, etc. A demissão do Coronel foi uma represália ao trabalho prestado pela Corporação à população. Mais tarde, os oficiais separatistas foram transferidos para localidades distantes da capital, pondo fim ao “Movimento para Autonomia do Corpo de Bombeiros”.
A qualidade dos serviços começou a cair. Como agravante, o novo comandante era proveniente do Regimento de Cavalaria, não possuindo instrução técnica nem experiência suficiente. Adotando procedimentos incorretos, trouxe sérios prejuízos para os bombeiros. Houve o colapso das oficinas devido à sobrecarga gerada com o uso por toda a frota policial, e também o encerramento da Seção de Alistamento. Em 1948, as oficinas do Corpo de Bombeiros são transferidas para a Força Pública, o que proporcionou a montagem do seu Serviço de Material Bélico. Era para lá que os carros do Corpo de Bombeiros se dirigiam quando precisavam de reparos, impedindo a manutenção imediata. As oficinas foram restabelecidas apenas em meados da década de 50.
Graças também às visitas dos oficiais comprometidos com a autonomia, acordos foram fechados com várias cidades, começando a se consolidar os destacamentos no interior, absorvendo alguns bombeiros municipais. Como um todo, no entanto, havia muito o que fazer, especialmente na capital. Não existia um sistema de ligação direta com o Departamento de Irrigação da Prefeitura, nem um centro técnico-estatístico-educacional, que fornecesse base tanto para aprimorar a instrução profissional quanto para melhorar a organização, ou um curso para formar oficiais de bombeiros. Efetivo e equipamentos continuavam inadequados e operavam apenas as três Estações, localizadas sem nenhum planejamento para uma cidade que chegava aos dois milhões de habitantes.
Convivendo com essas dificuldades, o Corpo de Bombeiros procura um melhor caminho e promove a primeira viagem de um oficial da unidade ao exterior, em 1949. Geraldo Teodoro da Silva foi aos Estados Unidos em busca de novos conhecimentos e técnicas. Em 1952, outros países são visitados e o Corpo de Bombeiros recebe 9 viaturas importadas dos EUA e Alemanha. Das experiências obtidas, mais a capacidade de vários oficiais, ressurgem em 1954 os manuais para instrução em vários volumes, inclusive os específicos (escadas, mangueiras e acessórios, arrombamentos, salvamento, etc.). O último datava de 1936 e encontrava-se ultrapassado. Os cursos para formação de bombeiros passam a ser regulares e uma companhia operacional passou a acumular a função de Companhia Escola de Bombeiros.
O número de estações começa a crescer, descentralizando os serviços. Na capital, surgiram postos em Pinheiros, Vila Prudente, Lapa, de salvamento em Interlagos e no late Clube de Santo Amaro, entre outros. O Aeroporto de Congonhas também ganha um posto, sendo o primeiro aeroporto civil brasileiro a contar com tal serviço. No interior, os bombeiros se fazem presentes em Araraquara, Bauru, São Carlos, Piracicaba, Jundiaí, São José do Rio Preto e Santo André, além de Santos, Campinas e Ribeirão Preto. O único parêntese é que essas instalações foram erguidas muitas vezes adaptando-se residências ou fábricas, sem uma destinação específica. A expansão do Corpo de Bombeiros era alvo de preocupações para o comando da Força Pública, sempre apegado na idéia de manter a Corporação sob seu controle. Dessa forma, decide que as guarnições instaladas em cidades importantes, como Santos, Campinas e o ABC, seriam separadas ou transformadas em Companhias Independentes de Bombeiros, e sob a autoridade direta do comandante policial e não do bombeiro. Foi uma situação que em muitos casos perdurou até 1975.
Em 1955 é inaugurada a rede de rádio, facilitando a comunicação entre as viaturas, entre estas e o quartel (que informava o melhor caminho e a evolução da ocorrência), centralizava os pedidos e os distribuía de forma racional entre os postos. Um ano depois foram eliminadas as caixas de alarme, mas não houve uma preocupação suficiente com o sistema sucessor, no caso o telefone. Havia poucos aparelhos e o número não era de fácil memorização. Somente 23 anos mais tarde seria adotado o 193.
Os hidrantes, por serem poucos, caíram em desuso e no seu lugar empregavam-se jamantas e carros tanques. Houve uma grande importação de viaturas e equipamentos, pois a inexistência de normas e padrões impediam a sua fabricação no Brasil. Após o famoso incêndio no Clube Elite 28 de Setembro, onde vieram a falecer cerca de 50 pessoas, novos equipamentos foram comprados na Alemanha e na Holanda. E em 1959 são lançadas ao mar 10 lanchas destinadas ao Serviço de Salvamento.
Os meados da década de 50 representaram uma fase excelente no que diz respeito à instrução e especialização do pessoal (ainda que insuficiente), excetuando-se os oficiais, que aprendiam de acordo com seu interesse. Existiam as especialidades de Motoristas de Bombeiros, Telegrafistas, Válvulas, Salvação e até um curso de Bombeiros Auxiliares para civis. Mesmo com toda esta evolução, no final de 1960 o serviço ainda precisava de melhorias.
Um ano depois, uma forte crise afetou toda a Força Pública, marcando profundamente o Corpo de Bombeiros. Em janeiro de 1961, foi derrotado na Assembleia Legislativa um projeto que concedia aumentos salariais para toda a Força, levando tenentes dos bombeiros a iniciarem uma greve que paralisou os serviços por quase 24 horas. Os salários eram “de fome”, e a existência de uma caixa de reclamações em um dos Comandos incentivou a quebra da disciplina. Os oficiais manifestantes foram transferidos para o interior, interrompendo o fluxo de conhecimentos técnicos e experiência transmitidos pelos mais velhos aos mais jovens, fazendo com que o aprendizado dos Oficiais voltasse à estaca zero. Anos mais tarde, alguns bombeiros antigos retomaram e outros mais novos evoluíram, recuperando-se a qualidade do pessoal. Juntam-se ai as melhorias do Curso de Bombeiros para Oficiais e a inauguração da Companhia Escola em 1964, seu 1º Comandante e fundador, foi o Capitão PM Luis Sebastião Malvásio. Neste mesmo ano houve grande compra de Auto-Bombas (os famosos “Volta ao Mundo”).
No início da década de 60, o Corpo de Bombeiros passou a exigir a instalação de hidrantes e extintores nos edifícios. A obediência a essas regras era garantida pelo Departamento de Água e Esgotos do Estado de São Paulo, atual SABESP, que não fornecia água para consumo, caso o projeto não fosse aprovado pela Corporação.
Em 1967 a Estação Central (localizada à Praça Clóvis Bevilácqua) é demolida para a edificação de uma nova, concluída somente em 1975. A rotina administrativa ficou prejudicada, pois o Comando ficou itinerante por 18 anos. Somaram-se a isso mais dois agravantes. O primeiro foi o aumento do tempo de aposentadoria, de 25 para 30 anos. Os oficiais que já haviam completado 25 anos de trabalho se aposentaram, interrompendo mais uma vez, a transmissão de valiosas experiências. Em seguida, são extintos de forma indiscriminada as especialidades, permanecendo apenas a de salvamento e em número limitado. Mesmo com a criação da Companhia Escola e a compra de equipamentos, os bombeiros ainda não estavam em condições para atender São Paulo nas dimensões em que a cidade se encontrava na década de 70. Isso ficaria provado com alguns catastróficos incêndios, como os dos edifícios Andraus e Joelma. O incêndio do Edifício Andraus, de 31 andares, ocorreu em 24 de fevereiro de 1972, onde 16 pessoas morrem e 375 ficam feridas, o Corpo de Bombeiros enviou 31 viaturas e dezenas de carros pipas.
Além das deficiências da Corporação em si, a legislação preventiva continuava falha, com um Código de Obras dos anos 30. Após o ocorrido no Andraus, foi elaborado um plano trienal de melhorias. Entretanto, tudo ficou, mais uma vez, nas intenções. As autoridades só seriam sensibilizadas com a demonstração de coragem sobrenatural dos bombeiros, tentando desesperadamente superar a falta de tecnologia, numa pavorosa manhã de 01 de fevereiro de 1974. Todo aquele desprendimento não impediu que 189 vidas fossem ceifadas pelo incêndio do Edifício Joelma de 23 andares, o Corpo de Bombeiros enviou ao local 26 viaturas e 318 bombeiros.
A cidade não poderia ficar mais à mercê das tragédias, contando somente com a dedicação dos seus bombeiros. A comoção provocada pelo incêndio levou o Governo Federal a interferir, determinando a reorganização da Corporação. Foi instituída uma comissão para estudar a situação, aproveitando-se os apontamentos feitos em 1972. O resultado desse trabalho foi intitulado “Anteprojeto para Organização do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo”. Neste documento estava pleiteada a criação de um só Bombeiro para todo o Estado, a regulamentação dos serviços, o surgimento de quadros profissionalizantes e meios que garantissem a implantação do sistema. Estavam inseridos ali a autonomia na sua área de atuação, um treinamento diferenciado para o pessoal, recursos próprios e uma rígida política de prevenção, reafirmando a finalidade máxima dos bombeiros.
Realmente, uma reestruturação foi feita em 1975, porém, diferente daquela preconizada. O efetivo aumentou, mas com resultados semelhantes aos de 1891, já que não voltaram os especialistas e o tempo para treinamento era curto. Aos poucos, esses problemas foram se atenuando, principalmente em função do novo Curso de Bombeiros para Oficiais, realizado em conjunto com a Faculdade de Tecnologia (FATEC). Quanto aos equipamentos, são importados auto-bombas, auto-escadas, autosnorkel, veículos de comando e apoio e todas as viaturas operacionais passam a contar com rádio. Neste mesmo ano é publicado o novo Código de Obras de São Paulo.
No ano de 1976, o Corpo de Bombeiros de São Paulo foi procurado por uma comissão do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), chefiada pelo Dr. Sidney Silveira Jatobé, da COPENE S/A, que solicitou ao então Cel PM PUPO, autorização para que a Corporação sediasse as reuniões de um núcleo que desenvolveria estudos sobre problemas ligados ao transporte de PP, dando ênfase ao atendimento emergencial.
Nos anos de 1978 e 1979 o Posto de Bombeiros do Cais do Porto de Santos, começou a catalogar, através dos navios que atracavam no Porto de Santos, por remessa da Cia. Docas, informações úteis, ações necessárias e providências para o caso de acidente dos produtos químicos que transportavam. Neste período foram cadastrados em banco de dados, para consulta e instrução do pessoal daquele Posto, cerca de 140 produtos químicos perigosos que por ali circulavam. Este Posto de Bombeiros, já naquele tempo, escoltava com uma viatura Auto-Bomba, caminhões carregados com Fósforo Branco e Fósforo Amarelo até o pé da Serra do Mar.
Em 1979 ressurgem os manuais, divididos por assuntos específicos. No mesmo ano foi lavrado um convênio entre o Estado e a Prefeitura de São Paulo, mais consciente de sua responsabilidade após o acontecido no Joelma. Até então, ela limitara-se a pagar ao Estado a irrisória quantia anual firmada em 1942 para receber os serviços dos bombeiros. Também entra em funcionamento o 3º Sistema de Alarmes, o telefone 193. Os médicos do Hospital das Clínicas da USP preocupados com a alta mortalidade nos Prontos Socorros, produzidas pela ineficiência e inadequação do atendimento pré-hospitalar e transporte de vítimas, começam a se interessar no gerenciamento do atendimento das emergências em geral.
Em 14 de fevereiro de 1981, ocorre outro grande incêndio, desta vez na Av. Paulista, no edifício Grande Avenida de 23 andares, o Corpo de Bombeiros envia ao local 20 viaturas e 300 bombeiros, 17 pessoas morrem e 53 são feridas, entre elas 11 bombeiros e 10 do efetivo do Comando de Operações Especiais da PM.
Em 1983 ocorrem inundações do Vale do Ribeira, Rio Paraná e na capital, que atingiram 86 municípios, causando 32 mortos e mais de 65.500 desabrigados. Neste mesmo ano é oficializado pela Secretaria Estadual da Saúde a CRAP – Comissão de Recursos Assistenciais de Pronto Socorro, com a participação de inúmeros órgãos ligados ao atendimento das vítimas, contando com a participação do Corpo de Bombeiros. Nesse ano é assinado o Decreto Estadual nº 20.811 que trata da Prevenção de Incêndios.
Em 1984 ocorre grande incêndio na Vila Socó, em Cubatão, com 93 mortos e 1.500 desabrigados.
Baseado nos estudos realizados anteriormente surgiu a necessidade de criar uma unidade responsável pelas atividades de Prevenção de Afogamentos e Salvamento Marítimo, o que ocorreu em 1985, através da criação do 3° Grupamento de Busca e Salvamento, com sede no município do Guarujá.
No ano de 1986 através da Associação de Intercâmbio entre EUA e Brasil, denominada “Companheiros da América”, o Corpo de Bombeiros envia um grupo de quatro Oficiais, juntamente com um Oficial da Defesa Civil e três médicos à cidade de Chicago, nos EUA, para a realização de um Curso de Técnicos em Emergências Médicas. No seu regresso, os oficiais apresentaram um relatório propondo a reformulação dos conceitos e da instrução de primeiros socorros ministrada ao seu efetivo, bem como a criação de um serviço no Corpo de Bombeiros, com viaturas, equipamentos e pessoal específicos para o atendimento e transporte das vítimas de acidentes. No ano seguinte, englobando todas as conclusões dos grupos de trabalho e selando a integração entre Saúde e Bombeiros, foi criada a Comissão de Atendimento Médico às Emergências do Estado de São Paulo – CAMEESP, que apresentou proposta para a criação de um projeto piloto de atendimento pré-hospitalar denominado “Sistema Integrado de Atendimento às Emergências do Estado de São Paulo”.
Neste mesmo ano, ocorrem inundações em 24 municípios da Região Metropolitana de São Paulo, que deixaram 53 vítimas fatais e mais de 21.000 desabrigados.
O Projeto Salva-Mar foi instituído em 1988, no 3° Grupamento de Busca e Salvamento, criando um novo perfil do “Guarda¬ Vidas” no litoral paulista, possibilitando uma cobertura mais abrangente e eficiente. A implantação do novo perfil do profissional Salva-Vidas, através da instrução e equipamentos adequados, além de viaturas, lanchas, embarcações de médio e grande porte, possibilitou condições incomuns na competência de seus profissionais e garantia dos que residem e ou procuram o lazer no litoral paulista, diminuindo o número de óbitos por afogamento.
Em 22 de maio de 1989 os Secretários Estaduais da Saúde e da Segurança Pública assinaram a Resolução Conjunta SS/SSP nº 42, que definia as formalidades de implantação do PROJETO RESGATE, sob a coordenação de uma comissão mista denominada GEPRO-EMERGÊNCIA e operacionalização do Corpo de Bombeiros e Grupamento de Radiopatrulha Aérea da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O Serviço iniciou efetivamente no início de 1990, com atuação na Grande São Paulo e em 14 municípios do Estado, empregando 36 Unidades de Resgate, 02 Unidades de Suporte Avançado e 01 helicóptero.
Em 1990, o então Cmt do Corpo de Bombeiros, Cel PM EDUARDO ASSUMPÇÃO, resolve aperfeiçoar o atendimento de ocorrências envolvendo produtos perigosos e vai fundo na questão. Envia Oficiais ao exterior, para conhecer e estudar o que era feito pelos Corpos de Bombeiros nesta área tão sensível à nossa atividade, mais especificamente para os EUA – Sprinsfield (Illinois), patrocinado pela Câmara Americana de Comércio ao órgão ENVIRONOMENTAL PROTECTION AGENCY. Isto propiciou que o Corpo de Bombeiros de SP tivesse uma nova visão no atendimento às emergências com Produtos Perigosos, quer seja na doutrina como na operacionalidade do padrão dos serviços prestados. Ele promove então, relacionamento para aquisição de viaturas especializadas, bem como um “Seminário Internacional de Produtos Perigosos”.
A utilização da mulher nos serviços de bombeiros iniciou-se, em 1990, a partir da idéia de empregá-la nos serviços de resgate em funcionamento na Capital de São Paulo, por ser uma atividade próxima à tarefa de enfermagem, que vinha sendo desenvolvida exclusivamente por Bombeiros, e que teve até então algumas experiências através das enfermeiras, que compõem as Unidades de Suporte Avançado, em apoio às Unidades de Resgate.
Apresentada a proposta na época, o Comando do Corpo de Bombeiros aprovou e adotou a idéia, e assim, foi liberado um pelotão de Policiais Femininas, que seria destacado do Comando do Policiamento Feminino, com destino ao Corpo de Bombeiros.
A proposta inicial foi então ampliada e, ao invés de utilizá-las apenas nos serviços de Resgate, foi nomeado um Grupo de Trabalho para estudar a utilização da mulher em todos os serviços operacionais do Corpo de Bombeiros, de forma a ampliar a atuação da mulher, obtendo-se um novo universo de pessoal para o recrutamento nas fileiras da Corporação.
A formação e inclusão em 04 de dezembro de 1991, da primeira turma de Bombeiras, quarenta no total, denominadas “pioneiras do fogo”, nos serviços de Bombeiros no Estado e no Brasil, revelaram que as mulheres estão perfeitamente integradas e preparadas para execução de todas as atividades do Corpo de Bombeiros, por terem demonstrado no término do treinamento, desempenho satisfatório nas emergências de pronto-socorrismo e nas guarnições de Comando, Exploração e Salvamento, devidamente comandadas.
A partir daí, anualmente cresce o número de mulheres nas fileiras do Corpo de Bombeiros.
No ano seguinte o Corpo de Bombeiros promoveu o 3° Seminário Nacional de Bombeiros na cidade de Ribeirão Preto e em 1993 é elaborado o Decreto Estadual nº 38.069 que atualiza as normas atinentes à Prevenção de Incêndios.
Após três anos de seu início, o Serviço de Resgate do Estado de São Paulo é consolidado através do Decreto Lei nº 38.432 de 1994, garantindo sua operacionalização através da Polícia Militar do Estado de São Paulo, por intermédio do Corpo de Bombeiros e do Grupamento de Radiopatrulha Aérea. Neste mesmo ano é criado o Comando de Bombeiros da Capital (CBC).
Em 29 de janeiro de 1995, ocorre uma explosão em uma loja de fogos no bairro de Pirituba na Capital, 33 casas são atingidas e 15 pessoas morrem e 24 ficaram feridas, o Corpo de Bombeiros enviou ao local 15 viaturas e 62 bombeiros e o Corpo de Bombeiros realiza o seu 1º Seminário Anual de Agilização da Intervenção Operacional com a presença de mais de 300 bombeiros entre Oficiais e Praças, sendo realizado mais dois nos próximos anos.
Em 1996 ocorre a implantação do Sistema de Despacho assistido por computador no Centro de Operações de Bombeiros (COBOM) na Capital. Neste ano também ocorreram grandes ocorrências de destaque, em 11 de junho ocorre uma explosão no Shopping Center Plaza de Osasco causada por vazamento de GLP sob o piso da área de restaurantes, 41 pessoas morrem e mais de 480 pessoas são feridas, o Corpo de Bombeiros envia para o local 38 viaturas e 167 bombeiros, em 17 de junho ocorre um incêndio na Favela Heliópolis, 04 pessoas morrem e mais de 27 pessoas são feridas, o Corpo de Bombeiros envia para o local 26 viaturas e 87 bombeiros e em 31 de outubro ocorre a queda da aeronave Fokker 100 da TAM no bairro do Jabaquara, 99 pessoas morrem, o Corpo de Bombeiros envia para o local 28 viaturas e 107 bombeiros.
No ano de 1997 é lançado o “Manual de Fundamentos do Corpo de Bombeiros”. Com mais de 360 páginas e mais de 880 ilustrações, o manual aborda 18 temas ligados às principais áreas de atuação dos serviços de bombeiros. A sirene, popularmente conhecida como “Bitonal” (dois tons lá-Iá/ré-ré), com quatro cornetas, freqüência de 435/450 Hz e 580/600 Hz, com intensidade de som de 113 dh a aproximadamente sete metros, passa a ser destinada para uso exclusivo e restrito aos veículos pertencentes ao Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Seguindo a nova filosofia de atendimento às grandes emergências, Sistema de Comando de Operações em Emergência (SICOE), é apresentada a nova viatura de “Comando de Operações”, destinada a ser empregada em grandes ocorrências servindo sempre como Posto de Comando e oferecendo ao Comandante das Operações todo o suporte técnico necessário ao planejamento estratégico e à coordenação tática das ações inerentes à emergência.
Neste mesmo ano ocorre grande enchente no Vale do Ribeira, que deixaram 4 mortos e mais de 15.400 pessoas desabrigadas. No ano seguinte nova enchente no Vale do Ribeira, com mais de 6.400 desabrigados. Neste ano ocorreu ainda o desabamento do teto da Igreja Universal do Reino de Deus, em Osasco, deixando 24 pessoas mortas e 539 feridas. Ocorreu ainda um acidente rodoviário no município de Araras, onde ocorreu o choque de caminhão de combustível com ônibus de romeiros deixando 54 vítimas fatais e 39 feridas;
No ano 2000 ocorreram enchentes e escorregamentos de terra no Vale do Paraíba, que causaram 11 vítimas fatais e mais de 6.500 pessoas desabrigadas.
No dia 28 de julho de 2000, ocorreu outra grande ocorrência, um acidente ferroviário em Perus, onde 09 pessoas morreram e 120 ficaram feridas, o Corpo de Bombeiros envia para o local 17 viaturas e 52 bombeiros.
Em 24 de setembro de 2001, novamente os bombeiros tiveram grande trabalho, desta vez em um incêndio no depósito da Nestlé, onde o Corpo de Bombeiros enviou para o local 20 viaturas e 152 bombeiros, sendo que 02 bombeiros morreram. Neste mesmo ano é assinado novo Decreto Estadual nº 46.076/01, que versa sobre a Prevenção Contra Incêndios.
No início do século XXI, em 2003, é criado o Sistema de Mobilização de Recursos para Atendimento a Desastre, denominado “Força Tarefa”, cujo objetivo é permitir a mobilização, dentro de um tempo predeterminado, de recursos humanos especializados com os equipamentos adequados.
Em 2007 é implantado o Sistema de Dados Operacional (SDO) e o novo Relatório de ocorrência do Corpo de Bombeiros, que visa melhorar a tabulação de dados e geração de estatísticas mais confiáveis das ocorrências atendidas pelo Bombeiro.
O Corpo de Bombeiros, em 2010, institui o Planejamento Estratégico 2010/2015, alinhado aos objetivos do Governo e da Polícia Militar e no final deste ano o Corpo de Bombeiros é integrado ao Sistema de Informações Operacionais (SIOPM-Corp), sendo que no início de 2011 todas as ocorrências atendidas pelo Bombeiro são cadastradas nesse Sistema, o que torna o primeiro serviço da Polícia a estar 100% integrado a este Sistema, desta forma o Corpo de Bombeiros deixa de utilizar o SDO para encerramento e coleta de dados das ocorrências atendidas, que passam a ser realizada pelo SIOPM-Web, possibilitando assim, o uso do COPOM-Online para a visualização de mapas e o Gerador de Relatórios de Ocorrência (GRO) para a realização de estatísticas.
Neste mesmo ano é sancionado, no dia 10 de março, o Decreto Estadual nº 56.819/11, que institui o Regulamento de Segurança contra Incêndio das edificações e áreas de risco.
Veja mais em www.corpodebombeiros.sp.gov.br
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